Prisões
Quando somos mais jovens, ou em até em alguns casos quando somos mais velhos, temos necessidade de nos afirmar no mundo. Tanto de forma psicológica quanto de forma física. Encontrar nosso lugar diante de milhões de pessoas que nos rodeiam e pisam sobre o mesmo globo terrestre que podemos chamar de nosso lar.
Porém, muitas vezes, ao tentarmos fazer isto, podemos sem nossa real intenção estarmos fadados ao fracasso intelectual e criamos em volta de nós barreiras que nos auxiliam contra uma invasão externa que possa ameaçar nossa permanência em determinado grupo social ou estilo de vida.
Existem diversos estilos de vida, sentimentos e pessoas muito interessantes fora de nossos grupos pré-definidos.
Pensamos estar libertos e seguros, fazendo os que nos “dá na telha”, quando para pertencermos a este grupo a regra é fazer o que “dá na telha”, não estaríamos nós, segregados por uma regra, e nós não estaríamos presos a isso?
A liberdade provisionada não é liberdade. A liberdade é adquirida, não imposta. Se imposta, não é liberdade, é prisão.
Um exemplo que clareia, e pode-se dizer, e de certa forma menos político, é este:
Quando nascemos, estamos sobre a proteção de figuras paternas. Se não o temos pelo menos elegemos uma figura que corresponda a tal necessidade. Na fase da adolescência, começamos a nos desprender dessa figuras que até então representavam o “grupo” e precisamos achar nosso lugar no mundo.
Nos certificar de que estamos seguros. Uma “matilha” por assim dizer. Mesmo se escolhermos ficar sozinhos, isto pode ser considerado como um grupo, pois é uma escolha já existente. Se por exemplo escolhermos ser roqueiros, imediatamente nos vem à mente diversos costumes e regras que já foram impostos por outra geração, ou por esta. Nos tornamos presos a isso.
Presos a costumes que não são nossos, mesmo que compactuemos com a maioria deles, não devemos seguir a risca, mas sim fazer o que nosso coração manda, independente de qual grupo pertençamos.
Escolhi os roqueiros por ver que eles nada aceitam, assim como diversos outros grupos pré-definidos, a não ser o que lhes convém.Toda música possui seu sentimento, com exceção de algumas, claro, mas todas elas possuem sentimento.
Algo que o compositor quis passar para quem está escutando. Mas muitas vezes nem pensamos em conhecê-las pois nosso grupo social não pode escutar outro tipo de música que não seja o nosso.
Temos de ser revoltados, temos de ser comportados, devemos pensar de tal maneira, devemos pensar de outra, todos estes conceitos nos sendo impostos por estilos de vida que muitas vezes necessitamos aceitar para que possamos nos definir. Quem nos define somos NÓS!!! Nossa alma e nosso coração, e não um grupo social ou regras que os mesmos nos impõem. Existem dezenas de ótimas pessoas do lado de lá! Do lado de fora de nossas prisões!
Existem milhares de sentimentos e experiências nos esperando, abrindo mãos para que as seguremos, mas nosso conceito enraizado de nossos estilos de vida não nos deixa atravessar para o outro lado.
O mundo é grande, repleto de segredos a serem descobertos e aproveitados, por favor, não nos prendamos a conceitos já enraizados. Por favor. Aproveitemos tudo, de forma organizada claro, mas tudo o que sentimos vontade de fazer, na medida do possível e da legalidade.
Grupos sociais não devem nos definir! Estilos de vida não devem nos definir! Estilos de música não devem nos definir!
Nós nos definimos. E somente nós sabemos o que somos. Não é preciso vestir determinadas roupas para que as pessoas possam saber quem somos. Nós somos aquilo que somos.E somente nós mesmos sabemos.
Nossa mente foi feita para ser aberta a todas as opções, inteligente o suficiente, claro, para aceitar e escolher aquela que melhor nos convém, mas, analisemos as possibilidades para que não nos tornemos robôs desta sociedade que já está por demais corroída.
Escrevo isso para fins comportamentais e para as possíveis prisões que possam nos prender, nos impossibilitando de crescer. Não possuo qualquer preconceito ou crítica a estilos de vida existentes (roqueiros, sambistas, funkeiros, punks e afins), apenas prezo pelo bom senso de nossa própria liberdade.